TUDO O QUE HÁ NO MUNDO
Um documentário sobre o mercado. Os significados e implicações dessa instituição que domina o universo imaginário dos cidadãos contemporâneos, com sua força, seu poder de condução e sua onipresença. Da política à economia, dos hábitos de convivência e do consumo, tudo passa pelo crivo desse quase-Deus.
Explorado por meio de imagens que revelam o jeito de ser de alguns dos principais mercados do Brasil, como Caruaru (PE), Ver o Peso (PA), Ciudad del Este (divisa com Paraguai), Feira dos Importados de Taguatinga (DF), Mercado Municipal e Bovespa (SP), a noção de mercado se esvai e se fixa como um ambiente de troca e de convivência. A diversidade de cores, sotaques, produtos, modos de vida, apresentados pelo filtro das relações comerciais, com sua moral e sua ética.
Os personagens do documentário dirigido por Leonardo Brant e Pedro Caldas são economistas, pensadores da relação entre sociedade e mercado, além de cidadãos comuns, que habitam e sobrevivem da luta diária dos mercados formais e informais, que se multiplicam impulsionados por uma nova classe C, ávida por consumo, informação e acesso ao mundo globalizado.
Em Tudo o que há no Mundo as entranhas, os micropoderes, a sabedoria popular e a visão de mundo de quem faz e é feito de mercado são explorados com imagens, sonoridades, cores e discursos dissonantes. As relações entre cultura e mercado, a noção de desenvolvimento econômico, a busca por felicidade e perda do sentido ficam evidentes.
A crise econômica é o pano de fundo que contrasta com as práticas cotidianas do mercado. É também um personagem coadjuvante. A conta que o mercado financeiro global impõe aos mercados locais, as maneiras com que esses mercados lidam com os efeitos da crise em seu dia-a-dia a partir de suas dinâmicas socioculturais tornam-se pontos de reflexão a serem explorados no documentário.
O foco é a cultura do consumo, como ela se estabelece nas dinâmicas sociais, em torno de territórios de trocas, diálogos, convergência de interesses. Os mercados com seus fluxos de economia, de gente, de comportamento. A roda viva se forma a partir da necessidade de consumir, comprar, vender, sobreviver. A luta por espaço na sociedade transcende a legalidade: o Estado de Direito, o mundo civilizado escapa-lhe à mão.
O mercado informal é a parábola da crise. A Lei de Gerson é o paradigma ético que rege as relações interpessoais. Caruaru é a melhor tradução para Wall Street.
FICHA TÉCNICA:
Direção: Leonardo Brant e Pedro Caldas
Produção Executiva: Pedro Caldas
Argumento: Leonardo Brant
Montagem: Renato Lima e Pedro Caldas
Fotografia: André Albuquerque
Trilha Sonora: Benjamin Taubkin